Desde
o início do ano, uma torre com 102 metros de altura se destaca
na paisagem dos Jardins. Trata-se do edifício Plaza Iguatemi,
na Avenida Faria Lima, que será inaugurado no mês que vem.
Instalado bem em frente ao Shopping Iguatemi, tem 21 andares de escritórios,
cada um com área de 1110 metros quadrados. Uma legião
de ricos e poderosos se mudará para lá. O publicitário
Nizan Guanaes montará no 18º andar a sede de sua nova agência,
África, para atender "apenas oito clientes sofisticados".
Seus vizinhos serão, entre outros pesos-pesados, os membros da
presidência da Portugal Telecom, o banqueiro Edmundo Safdié,
Pedro Conde, antigo proprietário do BCN, e a família Fasano,
dona dos melhores e mais caros restaurantes paulistanos, que abrirá,
no térreo, um espaço de eventos, um piano-bar e um salão
de almoço.
A frente do empreendimento está José Roberto Auriemo,
diretor da construtora JHSJ. Ele iniciou o Plaza Iguatemi há
quase três anos, com a trabalhosa tarefa de adquirir, um a um,
os imóveis que ocupavam o terreno de esquina da Faria Lima com
a Rua Prudente Correia. ''Ó mais difícil foi comprar os
dezoito apartamentos do prédio que existia ali'', conta. Auriemo
começou como quem não quer nada, mas logo os proprietários
descobriram que seu objetivo era levantar um edifício imponente.
Fizeram, então, o que qualquer um faria: aumentaram exponencialmente
o valor de seus imóveis. ''Paguei 100 000 reais pelo primeiro
e 600 000 reais pelo último''', contabiliza o construtor. Ao
todo, foram investidos 130 milhões de reais na área de
menos de 2 000 metros quadrados. ''O prédio vai atender os executivos
que moram nas redondezas e podem pagar para trabalhar num edifício
de altíssimo padrão, de frente para um marco da aristocracia
paulistana''', afirma Luiz Paulo Pompéia, diretor da Empresa
Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp), que costuma analisar
o perfil das construções da cidade e, acrescente-se, tem
um conceito um tanto peculiar de aristocracia. "É perto
da minha casa, dos meus clientes e dos lugares que frequento",
confirma Nizan Guanaes. "E minha secretária não vai
reclamar de andar muito para pegar o ônibus. O ponto fica em frente"
.
Em meados da década de 90, os grandes edifícios comerciais
migraram da Avenida Paulista para o eixo Faria Lima-Juscelino Kubitschek.
Ali estão alguns dos prédios comerciais mais caros e chiques
da cidade, como o Financial Center, o International Plaza e o Spazio
JK. Dentro desse universo, o Plaza Iguatemi tem o aluguel mais salgado-85
reais por metro quadrado, de acordo com o último estudo da Embraesp.
Nenhum andar será vendido. A menor unidade locada tem 277 metros
quadrados. A maioria das negociações, no entanto, envolveu
áreas de 550 ou 1110 metros quadrados.
Auriemo apostou no que há de melhor para atrair sua legião
de inquilinos endinheirados. Parece até uma festa das nações,
tal a quantidade de materiais importados: mármores italianos
e espanhóis, lustre francês, luminárias alemãs,
revestimentos franceses, equipamentos de automação americanos,
persianas holandesas, geradores de energia espanhóis e aparelhos
de ar-condicionado coreanos. O sistema de elevadores, suíço,
é o mesmo usado na nova sede do Bank Boston e no prédio
do Unibanco, ambos na Marginal Pinheiros. Não há botões
com o número dos andares dentro das cabines-eles ficam no saguão.
Isso permite que um sistema computadorizado reúna num mesmo elevador
as pessoas que vão para andares próximos. Esse expediente
reduz o tempo de viagem. Uma das maiores novidades do Plaza Iguatemi
é um maquinário espanhol, comprado por 6 milhões
de reais, que transformará gás natural em energia elétrica,
deixando o prédio totalmente independente da Eletropaulo e livre
dos blecautes. Como o processo é bem mais econômico, permitirá
que o Plaza Iguatemi permaneça iluminado por 600 holofotes a
noite inteira. Seu heliponto também impressiona. É o único
do Brasil com capacidade para receber até 10 toneladas, peso
do helicóptero blindado do presidente americano George W.Bush.
A modernidade que o recheia está envolta por um estilo que o
arquiteto Israel Rewin, autor do projeto, acredita ser um ''resgate
do Renascimento italiano''. Mas há de concordar que Michelangelo
Buonarroti não teria a idéia de colocar faces da moeda
de 25 centavos enfeitando a fachada. ''Como ali serão feitos
muitos negócios, as moedas funcionam como alegoria'', explica
Rewin. Alguns gostam também de chamar o tipo de arquitetura do
Plaza Iguatemi de ''neoclássico''', invocando um estilo que,
no século XIX, rendeu a Paris construções famosas,
como a Madeleine, aquela igreja que fica perto da Place de la Concorde.
Prédios com a aparência do Plaza Iguatemi são mesmo
difíceis de definir. Para os mal-humorados, eles são fruto
da caipirice mesmo. ''É de um mau gosto tremendo fazer um prédio
assim, e pior ainda é chama-lo de neoclássico", sentencia
Carlos Lemos, professor de arquitetura da USP.
A decoração interna ficou a cargo de Sig Bergamin (roa-se
de inveja, João Armentano). São dele o lobby, as áreas
comuns e a academia de ginástica localizada na cobertura, com
teto solar e capacidade para 300 pessoas. Apenas os diretores das empresas
locatárias poderão frequentá-la, além de
alguns convidados. ''É bem elitista mesmo", assume Auriemo.
Outros cuidados foram tomados para preservar a privacidade e manter
a segurança dos ricos inquilinos. Há elevadores para os
diretores, outros para funcionários, alguns para visitantes e
um para os manobristas. A segurança é feita por 96 câmeras
espalhadas pelos andares. O ar-condicionado resfriará o ambiente
a até 19 graus (normalmente, o limite é 22 graus). Nos
seis subsolos, há 600 vagas para estacionamento, com espaço
destinado especialmente aos vips. "Foi o que nos convenceu a instalar
ali o Jardim de Inverno Fasano, um espaço para festas e jantares
que vai reviver o primeiro negócio da família", diz
Rogério Fasano.
O Plaza Iguatemi tem todas as características dos edifícios
que recebem a classificação internacional de ''triple
A'' (triplo A, em inglês). Resumindo: os que são ótimos
em tudo. Segurança, conforto, tecnologia etc. Em São Paulo,
menos de dez se encaixam nesse perfil, todos situados na Faria Lima,
Juscelino Kubitschek e arredores. Auriemo entrou nesse mercado há
sete anos, ao iniciar a construção do San Paolo, vizinho
ao Plaza Iguatemi, também na Faria Lima. O San Paolo está
entre os três mais caros da cidade, com aluguel de 80 reais por
metro quadrado e nenhuma unidade vazia. Antes disso, Auriemo construía
para clientes. Foram mais de 1 000 obras e 1 milhão de metros
quadrados erguidos em trinta anos. Ele chegou a comandar sessenta obras
ao mesmo tempo, entre elas o Hotel Transamérica da Ilha de Comandatuba,
a pista oval da GM, em Louveira, que simula uma reta infinita, e uma
penca de lanchonetes McDonald's. ''Hoje em dia só trabalho para
mim", diz. Neto de imigrantes italianos que moravam no Brás,
Auriemo estudou engenharia civil na Mauá e começou a carreira
de empreendedor construindo casinhas populares na Vila Rosália,
em Guarulhos, para vender. As casas encalharam e ele só saldou
as dívidas quando arrumou seu primeiro emprego, numa empresa
de engenharia. Hoje em dia, pode se dar ao luxo de Ter um campo de futebol
particular no Morumbi, onde recebe os amigos para peladas, e de manter
as lanchonetes The Fifties apenas para satisfazer seu gosto por hambúrgueres.
Aos 53 anos de idade, já mudou de casa 21 vezes. Seu atual endereço
é um apartamento espaçoso no Jardim Paulistano. Para o
próximo mês, prepara mais uma mudança, desta vez
de escritório. Ele se transferirá, é claro para
o Plaza Iguatemi. É o endereço de seus sonhos, onde desfrutará
do luxo, do conforto e da vizinhança estrelada que reuniu.
Matéria
Publica na Revista Vejinha São Paulo
Ano 35 Número 25 - junho/02 - páginas 10 a 16
WebCam
: Fotos
da execução
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Seis Sub-Solos
demandam escavações profundas. (FÓRUM)
A
Fundacta responde pelo projeto de fundações do edifício
IGW TOWER, em obras na capital paulista e que se destaca por ter seis
subsolos de garagem, com lajes de 2.600m, num total de 19m de profundidade.
Executado pela JHS-J Construtora, o edifício terá mais
19 pavimentos-tipo, com lajes entre 1.200 e 1.300m, e heliponto de concreto
de 24 x 24m, com capacidade para 10t. Segundo o engenheiro Luiz Carlos
Pasqualini, gerente da obra, a fase inicial de escavação,
executada pelas empresas Arcoenge e Peduzzi, com rompedores de 2,5t
da Fiat Hitachi acoplados a escavadeiras da mesma marca ( modelos 240
e 270 ), levou cinco meses, tempo necessário para vencer as camadas
de rochas. "Foram cerca de 50 dias de intenso trabalho e chegaram
a ser quebrados 6 mil m3 de rochas e retirados 40 mil m3 de terra".
Na sequência, foram colocados tirantes provisórios de 30
a 100t e executadas fundações diretas com sapatas apoiadas
em solo e rocha. Atualmente começa a ser construída a
estrutura, composta por pilares de concreto e lajes protendidas nos
pavimentos-tipo. O fechamento será com painéis de concreto
armado STAMP em estilo neoclássico italiano e, internamente,
serão utilizadas divisórias de gesso acartonado e piso
elevado metálico. A previsão de conclusão das obras
é para o primeiro trimestre de 2002.
Matéria
Publica na Revista O Empreiteiro "Fórum - Fundações"
Número 382 - outubro/00 - página 9
WebCam
: Fotos
da execução
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