NO PICO DA OBRA

Criação do escritório de arquitetura Júlio Neves, o projeto Shopping Metrô Tatuapé tinha por missão atrair o público bastante complexo da região. Essa complexibilidade é resultado da grande diversidade de pessoas que habitam ou transitam pelo bairro. "O Tatuapé vem crescendo aceleradamente e é uma região de grande concentração de pessoas, tanto de alto poder aquisitivo como mais humildes", diz Rodolpho Dini, um dos arquitetos envolvidos no projeto. "Não queríamos um shopping com acabamentos em mármore e bronze, mas um ambiente que transmitisse uma idéia clara de qualidade", completa Eduardo Tavares, diretor de projetos da CEI.
O shopping tem 139 mil m2 de área construída - com 28m de altura - e ocupa um terreno com pouco mais de 21 mil m2. O projeto previu um subsolo, onde está instalada uma garagem, três pavimentos de lojas e mais três andares de estacionamentos - a própria cobertura é aproveitada como garagem. No total, o shopping terá aproximadamente 2,1 mil vagas para carros. Três aberturas - chamadas "skylight" ou clarabóias - estruturadas em metal com fechamento em vidro incolor, foram dispostas em pontos estratégicos do prédio. O recurso visa tornar o ambiente mais agradável pela presença de luz natural. A circulação interna será feita por dois elevadores panorâmicos, mais dois elevadores sociais e de serviço, um elevador de carga e 14 escadas rolantes.
De acordo com o engenheiro Heili Stacciarini, da Turner, a técnica construtiva aplicada na obra é empregar 70% de material pré-moldado, fornecido pela DM/Habitação, de Curitiba PR. Foram empregados dois sistemas para realização das fundações: estacas escavadas (convencional), e estaca hélice. Atualmente, a obra conta com um pico no número de operários, atingindo a marca de 1,2 mil trabalhadores.

O sistema pré-fabricado garante limpeza e organização no canteiro. "A limpeza é uma das boas conseqüências de se trabalhar com o sistema", afirma Stacciarini. Outra conseqüência é o menor consumo de madeira, pois a peca pré-fabricada dispensa a utilização de fôrmas para concreto. Estão sendo consumidas na obra, de acordo com dados fornecidos por Odair Galina, diretor da DM/Habitação, 8 mil pecas entre pilares, vigas, lajes, escadas e placas de fechada além das cortinas de fechamento da obra. "Trata-se de uma das maiores obras em que participamos", relata Galina. Só não foram utilizadas lajes pré-fabricadas nas áreas de banheiros, devido à furacão numerosa que essas áreas exigem para passagem de tubulação, justifica Eli Stacciarini. Outro ponto em que as lajes pré-fabricadas foram descartadas foi na área da casa de máquinas, onde há cinco tanques de acumulação do sistema de ar-condicionado. "Neste caso",continua Stacciarini, "o problema seria suportar a carga do equipamento". Em ambos os casos, a utilização de pré-fabricados era viável tecnicamente, mas pouco indicada do ponto de vista econômico.
A principio planejado em alvenaria comum, o fechamento acabou sendo executados em placas pré-fabricadas, devido ao curto prazo a conclusão da obra. Sobre as placas, será aplicado um selante colorido, formulado especificamente para concreto. A Turner ainda não escolheu o fornecedor, que pode ser uma empresa brasileira ou norte-americana.
Nelson Paiva, gerente de instalações da Turner, destaca o projeto elétrico feito para o Shopping Metrô Tatuapé, que prevê uma cabine de entrada e três subestações - uma delas exclusiva da central de água gelada do condicionamento de ar. "A grande diferença das subestações são os painéis de média tensão, todos com equipamentos SF-6 de fabricação francesa do grupo Schneider", conta Paiva. A grande vantagem dessas subestações é seu tamanho reduzido e operação mais segura, devido a blindagem de todas unidades.
Fornecido pela empresa paulistana Air Conditioning, o sistema de condicionamento de ar é importado dos EUA, onde são fabricados pela Carrier. Trata-se de um sistema conhecido como água gelada ou termoacumulação. Esse sistema proporciona economia de energia porque armazena água gelada - nesta obra estão sendo utilizados cinco tanques. A água é resfriada durante a noite, quando a tarifa de energia elétrica é mais barata. Durante o dia, mesmo nos horários de pico, o sistema pode ser desligado. Os dutos de ar que percorrem o shopping são da Climapress. "O sistema hidráulico", diz Paiva, "é tradicional. A única diferença é que optamos por tubulação de esgoto em ferro fundido para obter maior durabilidade".
O edifício do Shopping Metrô Tatuapé será ainda controlado de gerenciamento predial. "Não se trata de um edifício inteligente", diz Paiva, "mas de um edifício informatizado".

FICHA TÉCNICA : Projetos de Arquitetura: Escritório Julio Neves; Projeto de Fundações: FUNDACTA; Ar-Condicionado: Termoplan Engenharia Técnica; Projeto Estrutural: Feitos & Cruz; Projeto estrutural pré-moldado: Aluizio D' Ávila; Fornecedores - Fundações: Anson e Geofix; Estrutura pré-moldada em concreto: DM Habitação; Concreto: Concrebrás; Aço: Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira;

Matéria Publica na Revista A Construção São Paulo "Estado vai ao Shopping"
Número 2568 - abril/97 - páginas 4 a 8

 

ESTADO VAI AO SHOPPING
(SIMONE CAPOZZI)

Concessão da Cia do Metropolitano de São Paulo viabiliza a construção de um Shopping Center ligado fisicamente à estação Tatuapé do Metrô.